Açorianos em São Domingos

“Açorianos em São Domingos” de Luiz Nilton Corrêa

E se um sonho de emigração se tornasse um pesadelo?

 

“Açorianos em São Domingos: A Saga dos Migrantes micaelenses na República Dominicana – 1940” é uma obra que contribui imenso para o estudo da emigração dos açorianos, em especial para o estudo de um grupo de açorianos que saíram da ilha de São Miguel nos anos 40 do século XX, em direção a São Domingos.

Luiz Nilton Corrêa elaborou esta obra através de documentação que encontrou na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, no Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros e na Torre do Tombo.

Após terminada a dissertação, motivo pelo qual Luiz Nilton Corrêa realizou este estudo, o autor consegue estabelecer contacto com Milcíades Humberto Núñez Núñes, apresentando as conclusões dessa conversa no último capítulo do livro, mais especificamente no último subcapítulo.

Esta obra é muito interessante, porque não só apresenta as razões que levaram este grupo de açorianos a deixar a sua terra, como também relata as dificuldades por que estes passaram; faz um enquadramento das condições de vida nos Açores no período entre guerras, e ainda relata as ondas de solidariedade que a falta de condições e os desfortúnios destes açorianos levantaram nos Açores e também junto de comunidades de emigrantes nos Estados Unidos, nas Bermudas e em outros locais. Havia sempre quem tentasse saber mais sobre as condições destes portugueses e andasse à procura de uma forma de os ajudar, realizando protestos e fazendo pressões aos governos para que agissem.

Na minha opinião, esta é a parte mais interessante da obra, pois mostra como os portugueses, e neste caso mais específico os açorianos, são um povo solidário e que cuida uns dos outros; é uma parte da obra que mostra como a solidariedade em grupo pode fazer a diferença na vida dos que mais precisam, quando mais precisam.

A obra também faz um enquadramento sobre a História da emigração nos Açores, sobre o que se passava um pouco em todo o mundo, neste período entre guerras, e um pouco durante a segunda Guerra Mundial.

Menciona, também, as políticas populacionistas de Rafael Trijillo, o qual acolhia no seu país refugiados de guerra, incluindo judeus fugidos da Alemanha Nazi. Trijillo faz uma visita aos Açores, a 7 de setembro de 1939, e com esta deixa nos açorianos um bichinho para emigrarem para São Domingos.

Três meses depois da dita visita, começam os processos de emigração para aquela zona. Os açorianos foram para São Domingos atrás das promessas que lhes foram feitas, pois achavam que iam concretizar os seus sonhos, mas, no final das contas, só aumentaram os seus pesadelos.

“Açorianos em São Domingos” é uma obra que se enquadra na categoria de História dos Açores, não é uma obra de literatura, mas lê-se com gosto e facilidade. É também um trabalho para ser consultado se quisermos saciar a curiosidade sobre este grupo de açorianos que partiu para São Domingos. Este é um livro que deve ser estudado e consultado por todos aqueles que gostam do tema e que o querem estudar.

 

Inês Dias
Licenciada em História pela Universidade dos Açores
Membro da equipa da Livraria Letras Lavadas

 

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