Os Açores também produzem vinho, podendo este ser verdelho, branco, rosé… Fica com uma lista dos melhores vinhos açorianos, por Paulo Pacheco.
E no Top Azores desta semana, não estivesse o Wine in Azores mesmo à porta, vamos falar sobre os melhores vinhos dos Açores. Aqueles que tem mesmo que provar. Como tal, pedimos ajuda a um especialista que conhece muito bem os vinhos dos Açores, o Paulo Pacheco, do Pote dos Desejos. A lista é dele, e o texto é nosso, por isso, se falhar alguma coisa já sabem que a culpa é toda nossa. Já agora, os vinhos não se apresentam por qualquer ordem específica, formam, isto sim, uma selecção de vinhos dos Açores. Esperamos que apreciem sem qualquer tipo de moderação.
Terrantez do Pico – Azores Wine Company
Ao fim de 5 minutos a ler sobre vinhos uma colega nossa disse que isto parecia poesia, literatura do mais elevado gabarito!
E não é?” Ora vejam, “o Terrantez do Pico apresenta uma cor amarela, citrino limpo, aroma fresco, notas de ananás, toranja, com um toque de iodo. O ataque é cheio, com textura e acidez muito presente, terminando fresco e com notas salinas.”
Comove-nos particularmente o ataque cheio e o toque de iodo. Mesmo apesar de não termos sentido nada disto, o vinho estava muito bom. Pena é e já dizia Sérgio Godinho “…Hoje soube-me a pouco…”
Arinto Sur Lies – Azores Wine Company
Verdelho O Original – Azores Wine Company
“O Verdelho é uma casta muito popular nos Açores. Fora da região existem outros tipos de Verdelho, muito parecidos com o nosso, como o Gouveio, que passa facilmente por Verdelho e em Espanha temos o Verdejo, mas este é o original, o das ilhas. É mineral, tem o mar e um perfume muito próprio como pano de fundo.” Este vinho tem a particularidade de reunir castas de três ilhas dos Açores, São Miguel, Pico e Graciosa. Diz que é um vinho que vai bem com tudo o que é mariscos e peixe, mas que na falta destes a garrafa não fica por abrir. Isso nunca…
Muros de Magma – Adega Cooperativa dos Biscoitos
“Aroma bonito, sentindo-se a tipicidade e carácter regional, mas sem perder aprumo; fino e mineral até Prova de boca muito saborosa, salgada, corpo praticamente cheio, com boa acidez. Um belíssimo branco, limpo e cativante, num perfil simultaneamente austero e atlântico.”
Certo dia estávamos em reportagem na Terceira e sem querer fomos dar à porta da Adega Cooperativa dos Biscoitos, pronto, mais não podemos contar. Quer dizer até podemos… comemos Alcatra com o Anselmo Mendes, que por sinal também faz uns Alvarinhos 5 estrelas.
Curral Atlantis Verdelho Arinto
“Este é um vinho branco que revela muita frescura, com uns toques de citrinos (toranja, lima, folha de limoeiro). Com um paladar salino, embora menos expressivo que o Verdelho, apresenta muita energia no palato, frescura, sumo de citrinos maduros, mineralidade em conjunto com bom final de boca.”
Já tivemos o prazer de degustar este vinho mais do que uma vez e a ideia que fica é que o Arinto ajuda a equilibrar e balancear este excelente vinho. Imaginem por exemplo, o António Costa e o Mário Centeno num só corpo.
Pedras Brancas – Adega e Cooperativa Agrícola da Graciosa
“Os vinhos da Graciosa são uma combinação de vinhos fortificados e vinhos de mesa brancos-leves, feito principalmente de Verdelho, a variedade mais utilizada. Vinho branco, leve, seco e com um aroma frutado.”
Faz parte do nosso imaginário já há uns bons anos e tem conseguido manter a qualidade. Esta consistência e o facto de ser produzido na pequena ilha da Graciosa faz do Pedras Brancas um dos tesouros regionais mais bem guardados dos Açores. Isso e os verdadeiros números do desemprego na região.
Cacarita – Adega A Buraca
“Num lote em que predomina a casta Verdelho, a mais aromática, o primeiro Cacarita é um achado. A fruta madura (de polpa branca, sobretudo) pode induzir no primeiro ataque de boca uma ligeira sensação de doçura, mas, mal o nosso cérebro sintetizar toda a informação, o que prevalece é a secura da pedra e o frescor e a salinidade do mar. Um branco magnífico e distinto.”
Se a Buraca o leva ali para os lados de Benfica e Damaia, onde vivia o saudoso Dino Meira, célebre cantor pimba, esta Adega A Buraca nada tem a ver com pimba, ou com a Damaia. Só talvez tenha, remotamente, a ver com o Benfica. Mas só quando este joga bonito e com elevada nota artística, tal como o Cacarita.
Vinho Donatário – Museu do Vinho dos Biscoitos
“Vinho produzido em “curraletas” de pedra vulcânica da região dos Biscoitos, entre as freguesias dos Altares e das Quatro Ribeiras, na ilha Terceira, Açores, a partir de castas antigas, tendo sido vinificado com controlo de temperatura de fermentação. Tem um agradável equilíbrio de fruta e frescura. Com um aroma muito fino de fruta verde e discreta maresia (algas frescas), apresenta um sabor bastante volumoso e macio, de correcta acidez e com um gosto muito agradável do nariz, sobretudo a frutos do mar.” O nosso consultor especialista segredou-nos que este vinho entra de rompante nesta lista porque teve um 2017 extraordinário. E mais dicas não damos.
Frei Gigante – Cooperativa Vitivinícola do Pico
“De cor palha com laivos dourados, tem um aroma frutado ligeiramente tostado com tons a mel, sabor a frutos tropicais suportados pela vivacidade da acidez. Conjunto intenso com persistência equilibrada. O vinho, delicadamente perfumado, fresco e surpreendente na boca, é o espelho de um terroir perfeito, no meio do atlântico”.
“Vinho de cor palha, com laivos dourados, aroma frutado, ligeiramente tostado, com tons a mel, sabor a frutos tropicais, suportados pela vivacidade da acidez.”
Diz a lenda que os Frades é que começaram por fazer este vinho. Se há coisa que combina muito bem com Frades é vinho e um bocadinho de tempo. Pelo visto ao Pico nenhum destes atributos falta.
Rosé Vulcânico – Azores Wine Company
“Os Volcanic Series são vinhos de origem vulcânica, onde os solos, pobres e pedregosos, desafiam a própria definição de solo agrícola. Nesta quase “rocha mãe”, as uvas deste Rosé Vulcânico, amadureceram tanto quanto o bravo clima açoriano permitiu. De cor rosa-claro, com toques de cereja, tem um nariz muito intenso a morango maduro, casado com notas de iodo e pimenta preta. Na boca surpreende, é texturado, salino, mas fresco, com os sais a persistir e a picar o palato.”
Este vinho é feito pelo António Maçanita um dos mais promissores enólogos portugueses que conhece os Açores como poucos… Aliás, ainda nos lembramos de o ver adolescente a dar mergulhos na Caloura com o Fita Preta, que mais tarde se tornaria o nome de uma das suas marca de vinho.
Jardinete Chardonnay – Quinta da Jardinete
“Aspecto amarelo citrino, levemente brilhante. Aroma discreto, marcado por notas a ananás, pêssego, alguma pêra e uma leve sugestão a chá. Paladar com boa intensidade, confere e reforça as evidências aromáticas. Destaca-se uma boa estrutura e uma excelente acidez a retemperar o conjunto e a evidenciar um subtil salgado/iodado presente num final de boca levemente persistente.”
É uma espécie de vá para fora cá dentro, para quando apetece o “soundbite” de um vinho francês, mas com o melhor que os Açores têm para dar.
Cancela do Porco
“Aspecto límpido, cor amarela esverdeada, lágrima suave. Aroma limpo, jovem, intensidade mediana. Aromas primários, notas de frutos citrinos, lima, maçã verde, toque mineral a evidenciar-se, com suaves notas de frutos de árvore, pêssego e damasco. Sente-se a mineralidade que é característica de vinhos perto do mar.”
Mais um excelente verdelho do Pico, e se querem a prova disso só podemos dizer que abrimos a garrafa, provamos e agora não queremos escrever mais.
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