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São Miguel: Fuso Insular 2023
Outubro 27 | 21:30 - Outubro 28 | 19:30

O Fuso Insular 2023 tem lugar nos dias 26, 27 e 28 de Outubro na Igreja do Colégio, em Ponta Delgada, e no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande.
Programa:
27 de Outubro às 21h30 – Um novo caleidoscópio, com curadoria de Jean-François Chougnet | Igreja do Colégio, Ponta Delgada.
Filmes e artistas:
Betrayal, de João Saramago.
A curta ilustra as tentativas do ser humano em alcançar redenção num mundo ameaçado pela catástrofe natural. Pelo olhar do artista, a humanidade está já condenada devido às consequências das suas acções e, apesar do medo e incerteza constante, o protagonista embarca numa viagem onde tenta reparar e curar obsessivamente a paisagem à sua volta. Será que ele está a delirar? Será possível remendar os nossos erros?
Dear Cealing, de Sarah Legow.
Uma carta de amor do chão para o tecto escrita em stop-motion, o vídeo Dear Ceiling tem como ponto de partida a rejeição de uma visão do mundo centrada no ser humano. Na esperança de despertar a relação do espectador com o seu ambiente construído, o trabalho é um convite lúdico para re-imaginar a arquitectura que nos rodeia como sendo tão espiritualmente desejosa e libidinosa como nós.
Ensaio Para Sonho, de Ian Capillé.
“Fiz um convite para Girassol fugir comigo.”
O que acontece com o público quando está diante de um ecrã continuamente negro? Será que isso tem a ver com a morte? Ou será que é como um despertar? Busquei quase que uma religião da imagem fotográfica, aprofundando-me amorosamente na sua misteriosa escuridão luminosa.
Escória, de Beatriz Soares Dias e Francisca Manuel.
As Minas de São Domingos em Mértola, considerado um dos mais importantes e estruturantes investimentos industriais realizados em Portugal até ao início do séc. XX, é o cenário de uma colaboração entre duas áreas, dança e cinema. Escória parte da cronologia de acontecimentos que foram transformando as Minas, um lugar de fantasmagoria e cristalização, com ruínas e memórias. A importância da relação de um corpo numa paisagem-ruína como metáfora para os corpos mineiros que sobre exploração trabalharam exaustivamente neste lugar.
Excerto de uma Cegada, de Ricardo Leandro.
As “cegadas” são pequenas peças de teatro escritas e representadas por membros da comunidade de Nazaré (PT), e apresentadas nos bailes de Carnaval. Nos meses que antecedem o Carnaval, é normal que estes grupos se reúnam em espaços como garagens para discutir e ensaiar os textos – muitas vezes centrados na crítica social local ou em vivências do passado – e as músicas que são interpretadas entre as cenas, geralmente cantadas a cappella ou acompanhadas por uma única guitarra. Um destes grupos foi desafiado a entrar num estúdio de televisão para transformar um excerto de uma peça sua num produto comercial e, à medida que o estúdio é revelado, é também apresentada ao público uma nova abordagem à estética tradicional destas performances.
How to be a Candid Woman, de Francisca Dores.
Crítica à representação e educação das mulheres, ao longo dos anos, através do cinema e dos meios de comunicação social.
I’m Beaming My Dreams Into Your Head, de António Olaio.
Numa performance que quer o lugar do palco e que, centrífuga ou centrípeta, em expansão ou implosão, leva o artista à performatividade da pintura que parece pintura, às canções que parecem canções, à performance que se pode parecer com qualquer outra coisa… Na canção “I’m beaming my dreams into your head” a cabeça do artista canta para si próprio na performance realizada quatro décadas atrás. Uma vontade de sublinhar a importância do lugar onde tudo é síncrono como os diferentes momentos do percurso de um artista na sua cabeça.
La Femme Tranquille de La Tribu, de Lula Pena.
Um poema sonoro e visual interespécies.
O Rapaz que Pensava Demais, de Miguel Leonardo.
Um rapaz do mundo moderno, incapaz de sobreviver dentro da sua própria cabeça-pensante. Critica a sociedade actual e vive no mesmo paradigma, fechado e isolado no seu quarto. Feito um desistente no nosso Planeta Terra durante a pandemia.
Pi Pi Pi Pi Pi, de Maria Peixoto Martins.
Uma cidade de 20 milhões de habitantes. Todos têm que se deslocar e usam o carro como principal meio de transporte. Para além da quantidade de pessoas a conduzir, têm também um código da estrada muito peculiar criado pelos condutores, que usam as buzinas e os olhares entre os retrovisores para comunicarem uns com os outros. Não existe silêncio, os motoristas buzinam dia e noite. Neste vídeo conseguimos ouvir cerca de 581 buzinas, transportando-nos para outra realidade. Com foco na experiência sensorial, a visão e a audição despertam. O ruído é a palavra chave desta obra.
Ruídos da Espera, de Rafael Raposo Pires.
Ruídos da espera é uma peça audiovisual produzida junto à entrada Sul do Túnel de Tende, na fronteira entre França e Itália. No vídeo, pedras são atiradas contra um aglomerado de trilhos de protecção da estrada. Devido a uma tempestade que atingiu a região, os deslizamentos de terra que se seguiram varreram casas, estradas e outras infra-estruturas. Um ano depois da catástrofe, amontoados de trilhos de protecção continuam espalhados ao longo da única via de acesso. Muitos moradores ainda aguardam a reconstrução das suas casas.
Vozes Pictóricas, de Sofia Santa-Rita.
Uma reflexão sobre a poesia concreta em que a letra é a protagonista, este filme experimental explora as fronteiras entre a poesia e o cinema. A letra pressupõe e provoca sempre uma ligação proveniente da sua familiaridade. Mesmo que não seja imediatamente “legível” é reconhecível. Assim, estes versos, dispostos em três capítulos (desenquadrado, desenleado, desvelado) seguem camisas de noite que acompanham a mesma família há várias gerações. A palavra texto derivada do latim ‘textum’ que significa tecido, contém na sua génese uma pista para esta história, que é tecida, servindo-se do traje de noite como catalisador para uma contemplação em torno da intimidade e da memória.
28 de Outubro
17:00h – Conversa aberta sobre videoarte, com curadoria de Isabel Nogueira | Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, Ribeira Grande.
18:30h – Laboratório Imagem em Movimento, com curadoria de André Laranjinha e Rachel Korman | Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, Ribeira Grande.
Filmes e artistas:
Existing, Getting Through, de TAT.
catching feelings, falling for illusions
é assim
à procura de amor que de nada me vale
pois
não é próprio
sente, cai, levanta-se, cai, sente, levanta-se, anda, cai, rasteja…
self-sabotage? check
self-devaluation? ckeck
infernal void? check
saúde mental: instável
quanta exaustão…
quem me ajuda? SNS? buff… (the government makes it a joke)
in the end of the day: being human, existing, it’s a one of a kind experience and… i’m just navigating it in the best way I can.
[I’ll find the forms of love I’m looking for – or, they will find me.]
{song suggestions: rebel girl – bikini kill; scream of the butterfly – acid bath; send me an angel – real life}
O Quebrar da Noite, de Gustavo Fernandes.
Imaginar a noite e o mar. E as janelas que neles habitam. Tentar deslindar a respiração da ilha e o mirar dos vivos que nela caminham. Também as sombras que permanecem na palma da mão e as outras que se adivinham por entre cortinas luminosas. Estará o sonho na mansidão das casas? No profundo do mar? Ou ainda na dobra do peito que resguarda a noite?
Quietude, de Tiago Correia.
Um convite para uma jornada íntima de alguém em busca de significado e paz interior. Num mundo agitado, encontra refúgio num santuário isolado, onde os seus pensamentos e emoções se entrelaçam numa dança única. À medida que o tempo passa, entrega-se à calma profunda e à introspecção, encontrando consolo na serenidade do seu próprio ser. É um olhar de esperança, autenticidade e redescoberta, onde a dança é a linguagem que o liga às profundezas da sua alma.
Plano Coronal, de Luís P. Brum.
O plano coronal é uma descrição anatómica. Divide o corpo, longitudinalmente, em frente e costas. Da cabeça aos pés. Na anatomia serve para descrever o ponto de vista do qual se olham os órgãos. Esta peça apresenta um sonho em que se experiencia uma tensão inimaginável dos pés à cabeça e o impacto desta sobre o gesto de dormir.
Silicon Dolls, de Elliot Sheedy.
Silicon Dolls é uma montagem trabalhada a partir de diversas fontes mainstream de imagens.
As novas divindades da nossa realidade são aquelas que não vemos – e que nos recusamos a acreditar que existam. A nossa sociedade zomba dos fanáticos religiosos de nossos ancestrais: os Deuses Egípcios, os Gregos antigos, os míticos adoradores de dragões. O novo panteão de deuses adorados pelas pessoas são as celebridades e os ícones de beleza, que ubiquamente cobrem todos os aspectos do mundo das comunicações – esta é a forma actual de politeísmo humano; contrariamente, a forma contemporânea de monoteísmo praticada por uma quantidade inumerável de pessoas é um gesto de auto glorificação e auto deísmo.
Trajeto Habitual, de Carolina Rocha.
O vídeo “Trajeto Habitual” constitui uma performance que tem o propósito ser uma metáfora à vida e, consequentemente, à morte. Fala-nos ainda, sobre a imprevisibilidade da nossa existência, “a espantosa realidade das coisas”, como refere Alberto Caeiro, em contraponto com a impermanência, ou a efemeridade das coisas. Ilustra um corpo que gira sobre si próprio, como uma criança que desconhece os seus limites e brinca despreocupada, com esse mesmo mesmo movimento. Experimenta a sensação de tontura e da consequente alteração na percepção, mas persiste. É uma forma de perceber a realidade e de se expressar emocionalmente. Inevitavelmente, um corpo que gira sobre si próprio desequilibra-se e, muitas vezes, acaba por cair, mostrando a sua fragilidade e falta de controlo. As quedas ilustram pequenos fins que todos vamos experimentando ao longo da vida, desafiando a nossa capacidade de os viver e afirmar plenamente.
Três Haikais, Um Peixe Surfista e Uma Canção de Amor Para o Areal, de Fernando Nunes.
Um dos lugares mais frequentados para a prática quotidiana do surf é o Areal de Santa Bárbara, mas terá sido sempre assim? Quem são os seus habitantes e os que chegam de novo? Que história guarda aquele lugar? O que podemos esperar do seu futuro?
What I Am Looking At, de Anita Nemet.