Muito se fala de as Sanjoaninas serem uma das festas populares nacionais onde se consome mais cerveja. E as pessoas pensam que é pelo facto de os terceirenses serem demasiado foliões, ou de terem um fígado do dobro do tamanho normal. Nada disso. Neste artigo, vamos descobrir que pelo menos dez das outras várias dezenas de cervejas que são bebidas num dia normal de Sanjoaninas são absolutamente necessárias.
Por Diogo Ourique (jornalista terceirense)
1. Dificuldades em estacionar o carro
Nas Sanjoaninas, Angra do Heroísmo enche-se de carros até às costuras. A cidade transforma-se num gigante stand de automóveis em segunda, terceira e nona mãos. À conta disso, a maior parte das pessoas tem de ir estacionar muito longe. Só a viagem que temos de fazer desde o carro até ao arraial, já merece uma cerveja. Há que nos manter hidratados.
2. Bifanas e Alcatras de Polvo
Uma vez no arraial, e com a hidratação já feita, temos de tratar da alimentação. Ora, na altura das Sanjoaninas, a cidade de Angra, além do stand, transforma-se também num mercado marroquino onde só se vendem bifanas e alcatras de polvo, em vez de tapetes persas e vestidos de linho. Essas tascas são, como o próprio nome indica, tascas, pelo que fazem questão de condimentar os pratos com bastante material. Daí resulta que o sal e a pimenta “puxem” a uma cerveja. Ou a duas. Ou a três. Ou… Enfim, vocês percebem. Logo aí, é pelo menos mais uma cerveja que tem de ser bebida.
3. Marchas Populares
De barriguinha já cheia, e caso seja dia de marchas ou de outro desfile qualquer, é preciso deslocarmo-nos para algures na Rua da Sé para tentarmos apanhar alguma cultura com os olhos. Ora, dos marchantes já se espera que necessitem de uma cerveja quando chegam ao fim do percurso, mas não pensem que a situação não se torna igualmente complicada também para os espectadores. Só de olhar para aquela gente ali a saltar e a cantar dá cá uma sede… Principalmente se nós formos daqueles que vão atrás da marcha a dar apoio. Aí, fazemos quase tanto como eles. E siga mais uma cerveja, que é preciso recuperar o fôlego!
4. Subir a Rua da Sé
Acabados os desfiles, é preciso ir ao Bailão ver uns concertos. Mas, para chegarmos lá, é preciso subir a Rua da Sé toda… É mesmo preciso dizer do que é que precisamos para nos acompanhar e ajudar na viagem? Pois é, de uma cerveja…
5. Palco Bailão
Chegados ao Bailão – e depois de ficarmos mais pobres à entrada por causa da compra do bilhete –, temos de ir ao bar. Quer para curar a tristeza por causa do dinheiro perdido, quer porque, em breve, o artista vai subir a palco, e nós vamos saltar e cantar feitos malucos outra vez, o que nos vai voltar a desidratar. Siga outra cerveja!
6. Concerto Vs. Casa-de-banho
(Fotografia ilustrativa)
Enquanto o concerto decorre, e com tanta cerveja que já bebemos, é óbvio que vamos ter de ir libertar alguns líquidos. Ora, com o Bailão cheio, ir à casa-de-banho implica algum esforço e força de vontade, além de uma muito boa capacidade de “empurra-e-pede-desculpa”. Como já estamos a prever esse trabalho todo, mais vale irmos logo ao bar buscar mais uma cerveja, para evitarmos fazer deslocações duas vezes.
7. Acabou o concerto. E agora?
No caso de ser noite de São João, é preciso irmos para a rua com o mesmo nome, claro está! E isso implica outra deslocação até ao fim da Rua da Sé. Mas como, desta vez, aquilo é a descer, até se dá de barato que não precisemos de uma cerveja para a viagem (embora seja muito provável que precisemos, para ganhar mais “embalagem”). Só que, chegados lá, tal compra torna-se inevitável, e toca a sacar da carteira para pedir mais uma, de preferência de meio litro, que as fogueiras não se vão saltar sozinhas e, para saltar, precisamos de energia.
8. Cerveja Social
Esta é a cerveja social. É inevitável, mas é também a que nos sabe melhor, porque não somos nós a pagá-la. Acontece assim: se não tivermos visto ninguém conhecido até então (o que é difícil, porque quase toda a gente se conhece), vamos ver de certeza quando nos der novamente vontade de ir à casa-de-banho, no meio de uma Rua de São João cheia. Ao encontrarmos essas caras familiares, de certeza que uma delas se vai oferecer para nos pagar uma cerveja, à qual até fica mal dizer que não. Boa educação acima de tudo!
9. Dizer um olá a Vasco da Gama
Finda a festa popular, ou caso não pretendamos ficar na Rua de São João até de madrugada, podemos ainda passar pelo Pátio da Alfândega a ver se apanhamos algum concerto, ou simplesmente para visitar o Vasco da Gama, de quem já tínhamos algumas saudades. Como temos as mãos vazias, e aquilo está cheio de tascas, até nos vamos sentir mal se não comprarmos uma cerveja. Siga então para a goela!
10. Eipá! Isto é bom pra curar a ressaca!
Por fim, e caso não queiramos beber uma cerveja para a viagem de volta até ao carro (porque é certamente essa última que nos ia cair mal), é inevitável que iremos beber uma no dia a seguir, de ressaca, provavelmente deitados na praia ou perto de um buraco com água qualquer. Talvez seja a que mais custa, porque nos faz relembrar todas as cervejas que bebemos do dia anterior. E, como estaremos de ressaca, tecnicamente ainda conta como cerveja do dia anterior. Mas também já é uma cerveja de abrir caminho para um novo dia, porque nos ajuda a despertar e, além disso, à noite há mais Sanjoaninas!
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